Chega! A verdade sobre o consumo de doces na infância

Todos os pais querem saber a verdade sobre o consumo  de doces na infância. Levantamos as principais dúvidas e fomos atrás de quem de fato conhece de nutrição e crianças. Rubia Dresch, nutricionista do SESC/PR, esclarece tudo pra gente de maneira clara e objetiva!

Nossos questionamentos:

  • Existe dose permitida de doces na infância?
  • Depois dos dois anos eu posso liberar o consumo de doces?
  • Proibir doces é a solução?
  • Como dizer não se doce é a cara da infância?
  • Como evitar choros, birras e ataques de fúria?

O que os especialistas dizem?

Segundo a nutricionista, gosto pelo doce é inato, ele nasce com a gente. Em geral, todas as crianças vão pender para o doce que é um paladar que elas já conhecem desde o líquido aminiótico. Quando ainda está no útero, o bebê vai se alimentando do líquido amniótico, onde já existem partículas de glicose. Esse paladar doce fica por muito tempo, pois a partir da 7ª semana ele já tem papilas gustativas e já consegue identificar o sabor doce.

No senso comum a gente associa: “Doce é bom, azedo é ruim”

Tudo parte da convicção dos pais.

Não existe dose. Na verdade, não deveria ser dado açúcar para as crianças, pois já existe a comprovação que o açúcar pode causar inflamação de tecidos e que ele altera o metabolismo celular. O excesso de açúcar circulando no sangue, faz a criança produzir mais insulina, assim como um adulto. Em geral, os pais pensam apenas na reação psicológica da criança: “como doce, portanto sou feliz”

Os pais precisam ter a convicção de que o consumo de açúcar não é a melhor opção para os filhos. Ou seja, os doces na infância não deveriam ser parte do cotidiano.

Quando eles já tem essa convicção, muitas vezes eles simplesmente não conseguem dizer o “não” e suportar a reação que vem após o “não”.

Mas que mal tem comer um pãozinho com nutella no café da manhã?

Bem, se a criança já tem o paladar que tende para o doce, e você continua ainda dando muito doce, pode sim prejudicar. É claro que uma alimentação muito restritiva não é legal.

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Como achar o equilíbrio?

Cuide dos exageros. Dê o limite. Quem dá o limite são os pais, assim como em todo processo de educação. Ao invés de proibir, dar o limite. Os pais podem e devem dar o limite do consumo de doces na infância.

Não há brechas para negociações do tipo: se comer bem você come um doce.

Por exemplo, hoje no período da tarde a criança já ingeriu um doce. À noite, a criança quer comer de novo. Então é preciso explicar para a criança que ela já consumiu doce no dia e que consumir mais fará mal para ela.

 

Dinâmica e hábito alimentar da família

Se normalmente na casa não tem sobremesa, a criança não vai criar o hábito de ter que comer o doce após as refeições. Às vezes, na casa da vó haverá chocolate depois do almoço, e na casa da criança não. Isso pode ser exceção. Assim como tomar refrigerante em situações pontuais, para que isso não se torne hábito.

Hoje, muitas crianças, mesmo com a opção de tomarem refrigerante, optam por sucos ou água, isso é um trabalho de educação alimentar da família. E esse movimento de perceber o refrigerante como algo não tão bom assim, tem feito gigantes da indústria, como a Coca-Cola, comprarem empresas de suco e água. Já existe sim um movimento de redução de consumo de doces na infância.

Frases que mostram limite

Você pode comer um.

Você pode comer “x”.

Agora não é o momento de comer doce.

Você já comeu doce hoje.

Agora eu não posso te dar doce.

 

Claro que após essas frases o cenário pode se parecer muito com um filme de terror! Criança chorando, rolando no chão, questionando. Tente acalentar a criança e satisfazê-la com uma outra atividade.

É difícil, cansa, estressa… sim, principalmente se for preciso mudar um hábito já consolidado. Quanto mais os pais cedem às vontades da criança, maior se torna a dificuldade de voltar a trás. Isso serve para tudo: dormir, brincar, alimentar, se você não tem a convicção quando você está conversando com a criança, é mais difícil que ela acredite.

Mesmo que a criança chore, se jogue no chão, isso não causa um prejuízo emocional nela, pelo  contrário. A criança precisa entender, e ela vai entender. O choro é apenas um recurso natural da criança. Porque eles não sabem expressar as emoções.

A questão do doce é bem polêmica, se você não quer que seu filho consuma doces:

  • Mude o hábito alimentar da família
  • Evite ter doces em casa
  • Evite estoques de doces e porcarias
  • Compre dentro do bom senso: quando tem vontade de comer
  • Trabalhe a questão: estou com vontade de comer? Como uma porção, me satisfaço.

Esses hábitos ajudam a criar uma consciência de que eu posso comer em pequenas quantidades. Podemos comer em  pequenas quantidades. O suficiente para saciar a vontade, comer com prazer e em pequenas quantidades, sem excessos. Como na pirâmide alimentar: eu tenho que comer mais cerais, legumes e verduras, mais frutas, menos carnes e pouca gordura e doces .

É uma questão de proporcionalidade. Se isso se torna hábito, não haverá aquela vontade reprimida de pensar: “eu quero, eu quero, eu quero, não posso, não posso, não posso”. Isso gera compulsão.

Muitas vezes os pais proíbem a ingestão de doces, ao ponto de nunca deixarem a criança colocar uma bala na boca. E na primeira oportunidade a criança acaba se escondendo no carro do avô para comer a bala, ou roubando o doce do coleguinha na escola para comer o doce.

A relação da proibição também não é saudável

Para ter uma relação saudável com a comida a gente precisa aprender a comer com variedade, evitando a monotonia alimentar.

Mas se existe um excesso muito grande na ingestão de doces, precisa sim ir voltando atrás. Retomando muitas vezes até a introdução alimentar.  Há casos em que a introdução alimentar foi super legal e depois de um tempo, a criança não quer mais ingerir alguns alimentos.

Isso é questão de comportamento, pois o bebezinho abre a boca, você põe a comida e ele come, porque é um instinto natural. É fisiológico comer. Assim como dormir. Mais cedo ou mais tarde, a gente aprende a fazer isso sozinho. Mas quando a gente precisa da ajuda de alguém, a gente depende desse alguém. E depende do bom senso dos cuidadores, pais, avós, escola.

E da coerência na família.

Todos na família precisam ter o mesmo discurso. Ou pelo menos as pessoas que passam mais tempo com a criança.

Isso vale para o sono, para a alimentação, para o comportamento e para o desfralde.

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Às vezes, quando você não consegue lidar com o comportamento de um avô e uma avó que sempre traz uma balinha, a ponto de proibir essa oferta de doce, é preciso dar o limite para a criança. Esse limite é quando consumir doces, antes ou depois do almoço, e quantos comer. Tem que haver um bom senso, em casa você pode segurar mais as rédeas, pois você já sabe que naqueles momentos a criança já vai ganhar e consumir doces.

Bom senso é a palavra de ordem!

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